terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Sobre o cãncer de mama

Sobre o câncer da mama.
Incidência e mortalidade
Nos Estados Unidos estima-se que cerca de 185.000 mulheres (6,78 % da população - E.U.: 272.700.000 habitantes - 1999 ) serão diagnosticadas como portadoras de câncer de mama ( 1 a cada 3 minutos ) no ano 2000. Morrerão aproximadamente 41.000 mulheres ( 1 cada 13 minutos ) . No mesmo ano 1400 homens desenvolverão câncer de mama e 400 morrerão.

No Brasil, no ano de 1999, as estimativas apontavam para cerca de 33.750 casos novos (2,14 % da população - Br.: 157.070.163 habitantes - 1996 )com uma taxa de mortalidade de 6.000 casos por ano.

Taxa bruta de mortalidade por câncer de algumas localizações primárias
Brasil - Mulheres, 1980 - 1996

Fontes: Ministério da Saúde: DataSus, SIM, INCA; e IBGE: DEPE/DEPIS
Estimativa do número de casos novos e da taxa bruta de incidência de câncer, segundo localização primária e distribuição percentual.
Brasil - 1999

Mulheres

Localização
primária

N° de casos
novos

Taxa Bruta/
100.000 mulh.

Mama

31.200

39,58

Colo do Útero

20.652

26,28

Pele, não melanoma

16.800

20,65

Cólon e Reto

9.850

12,54

Estômago

6.750

8,55

Corpo do Útero

5.450

6,89

Pulmão

4.800

6,04

Boca

2.100

2,64

Pele, melanoma

2.050

2,50

Bexiga

1.800

2,28

Esôfago

1.700

2,14

Outras

31.250

40,70

Total

134.400

170,79



Taxas de incidência de câncer de mama por 100.000 mulheres segundo a região geográfica estimadas para 1999.


Risco de Câncer de mama


Na realidade, toda mulher está sob risco de ter a doença. Diz-se que os dois maiores fatores de risco são: - ser mulher e ficar mais velha.

A chance de contrair a moléstia cresce com a idade. Os antecedentes familiares bem como a ocorrência da hiperplasia atípica e câncer prévio de uma das mamas são fatores clássicos de risco.

História pessoal de câncer de ovário ou endométrio.

Idade da primeira gravidez a termo acima de 30 anos.

A probabilidade de uma mulher ter câncer de mama aos 40 anos é de 1 em 235 mulheres , aos 50 é de 1 em 25 e aos 80 anos é de 1 em 15 .

Atualmente, sabe-se que , de acordo com os estudos genéticos, cerca de 5 a 10 % das mulheres com câncer de mama tem uma forma hereditária da doença. Essa mulheres tem um risco aumentado de desenvolver a doença em idades mais precoces ( antes da menopausa ) e, geralmente, tem outros membros da família com a doença.

Cerca de 80 % das mulheres com câncer de mama estão na faixa etária acima dos 50 anos. A doença em jovens é mais rara, mas existe.

Menos de 1 % dos cânceres de mama incidem antes dos 35 anos.

As Mamas

As mamas constituem órgãos complexos cuja principal função é produzir leite. São compostas por pequenos ductos, onde o leite é produzido e, por ductos maiores, responsáveis pelo transporte do leite para o mamilo.Alterações fibro císticas, hiperplasia ductais e neoplasias malignas desenvolvem-se nas estruturas ducto-lobulares terminais.

Drenagem Linfática da mama



O carcinoma ductal in situ significa um crescimento aumentado de células malignas, que não invade os tecidos adjacentes, ou melhor, não ultrapassa a parede dos ductos.Podem na maioria dos casos, serem tratados por métodos de cura loco - regionais. Representam cerca de 15-20% de todos os casos recém diagnosticados.

Cuidados preventivos
Mamografia é o melhor método para diagnosticar câncer de mama em fase precoce da doença. Atualmente a alta resolução dos aparelhos ( mamógrafos ), possibilita reduzir em até 30 % a mortalidade de mulheres acima dos 50anos .

Recomenda-se:

I - Mamografia anual em mulheres a partir dos 40 anos. Uma mamografia, chamada de base, entre os 35 e 40 anos.

Mulheres, abaixo dos 40 anos, com história familiar de câncer de mama, devem procurar um onco-ginecologista, para orientação de quando começar.

II - Exame das mamas, juntamente com o Papanicolaou, anualmente, após os 20 anos, com o especialista.

III - Auto-exame das mamas pelo menos a cada 3 meses , após os 20 anos, para tornar-se familiarizada com as mesmas e , em caso de qualquer sensação diferente, procurar o onco-ginecologista.



Salienta-se que, apesar de ser eficaz, há uma falha na detecção, pela mamografia de 10 a 15 % dos tumores malignos.( resultados falso - negativos ).

A mamografia pode evidenciar sinais diretos e indiretos de câncer de mama.

Os sinais diretos compreendem:

I - Microcalcificações - São estruturas opacas visibilizadas na chapa radiológica, com dimensão até 0,5 mm, que possuem menor ou maior representatividade de acordo com o número, forma, densidade e distribuição. Constituem câncer em cerca de 25 a 30 % dos casos.

II - Opacidade circunscrita - São representadas por nódulos ou massas tumorais. Os nódulos podem se apresentar de forma: espiculada, lobulada e bem definida.

III - Densidade assimétrica - Podem ser focais ou difusas.

Os sinais indiretos são:

I - Distorção parenquimatosa - A estrutura arquitetural da mama obedece a padrão anatômico caracterizado pela orientação das estruturas ductais e periductais em direção do mamilo. Quando isso não ocorre, o significado pode ser um tumor maligno provocando uma reação fibroblática.

II - Espessamento cutâneo - Ocorre em processos malignos e infecciosos. A pele tem uma espessura normal variando entre 0,2 a 0,5 mm.

III - Retração da pele ou do complexo areolopapilar - Indicam processos malignos mais avançados ou também estão presentes em processos cicatriciais ou metabólicos (esteatonecrose).

IV - Aumento unilateral da vascularização - Não é dos mais importantes mas sua presença deve ser bem analisada.

V - Linfadenopatia axilar - Há um aumento da densidade com perda da radiotransparência central.

VI - Dilatação ductal isolada - A dilatação isolada de um ducto chama a atenção , porém seu significado deve ser bem analisado.

Do acima exposto conclui-se que, a interpretação da mamografia deve sempre ser feita multidisciplinarmente.


Generalidades

A detecção do câncer da mama em um estádio precoce, leva a possibilidade de poder ser discutido várias formas de tratamento e uma maior chance de sobrevida aumentada. Quando a doença está confinada a mama a sobrevida a 5 anos chega a ser maior de 95 % .

Populações com menor possibilidade de acesso a cuidados médicos como também possuidoras de baixos índices de fatores sócio-econômicos e culturais, têm menor sobrevida.

A detecção precoce é a chave para uma maior chance de sobrevida e mais opções de tratamento.

Fatores que aumentam o risco de câncer de mama:

Idade acima dos 50 anos;
Fumantes.
História familiar de mãe, irmã ou filha com câncer de mama.
Câncer prévio em outra mama, localizado ou espalhado.
Câncer de cólon, uterino ou ovário em si próprio ou na família.
Identificação de mutação do gen BRCA-I e BRCA-II.
Procedentes dos países da Europa central, ocidental e descendentes de judeus.
Diagnóstico de hiperplasia atípica (excesso de formação de células)confirmada por biópsia.
Ingestão de álcool diária para mais de duas doses.
Fatores que diminuem o risco de câncer de mama:

Idade abaixo dos 30 anos.
Início da menstruação mais tardio.
Menopausa natural ou cirúrgica precoce.
Amamentação.
Exame anual com onco-ginecologista.
Auto-exame regular pelo menos a cada 3 meses.
Estilo de vida sadio com:

manutenção do peso corpóreo normal.

Ingestão de frutas e vegetais e dieta com baixos teores de gordura.

Exercícios físicos diários, pelo menos 4 horas por semana, principalmente na pré-menopausa.


Fatores hormonais que aumentam o risco de câncer de mama:

Início precoce da menstruação
Início tardio da menopausa.
Primeira gestação tardia.
Poucas ou ausência de gravidez.
Uso do hormônio Dietilbestrol.
Uso de TRH por longos períodos de tempo sem acompanhamento médico.
Início de anti-concepção oral ( pílulas ) em idade precoce.
Sinais e Sintomas de alerta


Sintomas mais comuns:

Nódulo indolor na mama.
Dor na mama de causa não justificada sem aparecimento de tumor.

Sintomas menos comuns:

Área de espessamento na pele da mama.
Inchaço ou distorção da pele.
Secreção do mamilo não justificada.
Inversão ou retração do mamilo.
Descamação ou erosão do mamilo.

Qualquer um destes, abaixo relacionados, devem levá-la ao seu onco-ginecologista.



1. Uma massa tumoral na mama
2. Aumento anormal de uma das mamas
3. Assimetria de uma das mamas que se apresenta mais baixa
4. Aparecimento de rugas na pele da mama
5. Retração mamilar
6. Descarga sanguínea no mamilo
7. Mudança na pele do mamilo
8. Aumento dos linfonodos
9. Sudorese anormal em um dos braços.

Opções de tratamento

Cirurgia é o tratamento primário para câncer de mama. Depois de avaliação cuidadosa da extensão do câncer e muitos outros fatores, o cirurgião pode recomendar uma cirurgia de remoção do tumor com tecido adjacente sadio, seguido por radioterapia ou uma mastectomia radical modificada com radioterapia posterior. Durante o procedimento cirúrgico, alguns ou todos os linfonodos axilares normalmente são removidos para exame anátomo-patológico e, conforme a análise desses resultados, avaliar a necessidade de terapia adicional.
Numerosos estudos mostraram que doença na fase precoce, a taxa de sobrevida a longo prazo após a remoção do tumor é semelhante a sobrevida após a mastectomia radical modificada. Os novos avanços em cirurgia reconstrutora, oferecem as mulheres uma variedade de opções após mastectomia se assim desejarem.

Após a cirurgia pode ser recomendado quimioterapia hormonioterapia ou uma combinação dos dois métodos, dependendo dos fatores de risco para recidiva tumoral. Este tipo de terapia é chamado adjuvante e é usada quando não houver evidência de doença além da mama ou linfonodos axilares.

Fatores de risco para recidiva incluem:

Envolvimento de linfonodos
Estado de receptores de estrogênio e progesterona no tumor
Outros fatores incluindo estado de diferenciação do tumor
Expressão de oncogenes e os resultados de outros estudos do DNA.( Estudo genético )
As decisões sobre o tratamento a ser utilizado baseiam-se nos seguintes fatores:

Tipo do tumor (relacionado com a biópsia e o resultado da anatomia patológica).
Tamanho do tumor.
Tamanho da mama (Algumas mamas por serem pequenas, podem perder a aparência estética, após a remoção do nódulo somente)
Localização do tumor na mama. (Tumores localizados abaixo do mamilo, após a remoção, não darão resultados estéticos adequados)
Possível disseminação do tumor para linfonodos axilares ou para a pele, músculo, parede torácica, ossos ou outros orgãos.
Resultado da mamografia. Os tumores da mama são multi centricos ).
Desejo imediato ou tardio de reconstrução da mama.
Estado geral de saúde.
Qual cirurgia dará melhor chance de cura.
Qual cirurgia dará melhor resultado estético.
Qual cirurgia dará melhor possibilidade de uso do seu braço.
Avaliação dos estudos realizados no tumor (fatores imuno-histoquímicos : receptores hormonais, enzimas e DNA ).

Seguimento após o tratamento:

Após o tratamento, um seguimento cuidadoso deve ser planejado com seu onco-ginecologista, a fim de detectar precocemente aparecimento de recidivas ou metástases.

O seguimento inclui:

Exames físicos periódicos compreendendo:

Primeiro ano: trimestral;
Segundo e terceiro ano: quadrimestral;
Quarto ano: semestral;
A partir do quinto ano: anual
Mamografia ou ultra-som das mamas, fígado e pélvis periódicas;
Dosagem de fatores laboratoriais relacionados com a doença (CA 15-3);
Cintilografia óssea;
Raio-X de tórax
Biópsia por aspiração de massas suspeitas.

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